...sabe onde estou?

Rodo pelo Brasil já algum tempo, logo completará 10 anos vivendo nessa "via sacra" do mundo shopping. Cada semana uma experiência diferente, pessoas diferentes, ambiente social diferente, mas com a mesma coisa em comum e que me fascina tanto: pessoas.

As pessoas, de um modo geral, despertam em mim um fascínio. O poder que elas tem de se repetirem em ambientes sociais completamente diferente. O ir e vir, as opiniões, os comportamentos, as mesmas soluções e até uma leve aparência física, claro que em se tratando dos estereótipos físicos são bem diferente gaúchos e nordestinos, matogrossenses e manauáras, e por aí vai, mas me refiro aos olhares, aos gestos e aos insights. Pessoas são pessoas em qualquer lugar, inclusive em seus preconceitos.

Hoje, inclusive, presenciei um daqueles momentos que ficarão gravados na memória e que de alguma forma servirão de aprendizado. Saí do hotel por volta de umas 20 horas para procurar um lugar pra jantar, saí caminhando meio que sem destino, sem saber ao certo o que comer. Durante meu trajeto passei em frente a um shopping e li um banner que informava que estava acontecendo uma feira de livros, lembrei-me de uma recomendação feita por um amigo sobre um livro interessante e por curiosidade entrei pra ver "qual era da feira de livros". Aliás, preciso abrir um parêntese pra dizer que encontrei o livro custando R$ 19,90, uma promoção excelente. Mas, continuando, ao encontrar o livro e chegar no caixa, a mulher que estava atendendo me perguntou onde eu tinha achado aquele livro porque hoje cedo ela deixou de vender por achar que o mesmo já tinha acabado, então mostrei em qual prateleira estava para ajudá-la quando fui abordado pelo vendedor da loja querendo saber se eu levaria apenas um livro, aproveitei a chance para perguntar sobre outra obra "Porque você não quer mais ir a igreja?" (este será minha nova aquisição, porque será?). Percebi nessa situação que o rapaz era gay, mas como sempre tratei dessa questão com a maior naturalidade, até porque não há pra que tratar de outra forma, porém cheguei ao caixa pra pagar e comentei que o rapaz era muito atencioso como vendedor, daí a mulher retrucou dizendo que ele era gay. Foi engraçado porque perguntei pra ela "E daí? O que tem haver com o atendimento?", nossa como ela ficou sem graça.

Enfim, o assunto evoluiu até o momento que eu comentou a semelhança física entre os dois e soltei a peróla que acreditava que eles eram irmãos de tão parecidos que eram, então ela logo interrompeu dizendo que era mãe do rapaz e que ele era casado e o nome do marido dele era Eduardo. Então, pensei com meus botões, ou a mulher acha que estou interessado no rapaz (ainda bem que minha mulher muito bem do que eu gosto) ou essa mulher tem necessidade de falar com as pessoas e acho até que ela espera algum comentário para se convencer desse negócio. Quando me dei por conta, estávamos eu, a mulher e o rapaz conversando sobre o livro que tinha acabado de comprar, e por se tratar de um livro que fala sobre a Lei do Amor, comentei que quando vivemos sob a Lei do Amor, todas as pessoas são iguais, não há diferença entre elas. Depois dessa situação, me dei conta do quanto é importante estar fora do escopo da igreja quando surgem essas situações. Acredito que se estivéssemos num ambiente eclasiástico nesse momento o assunto não fluiria com tanta naturalidade e liberdade, sem perceber já estava falando da Graça de Deus e da Justificação aproveitando o momento.

...agora, às 2:03 da manhã, depois de chegar de um café com pão na chapa numa padaria que certamente não tem no Rio outra igual, é que me dei conta do seguinte: "Durante a Caminhada encontraremos de tudo um pouco, de pessoas à situações, mas se estamos Caminhando no Caminho estaremos sempre acessíveis e disponíveis. É preciso ter consciência disso". Descobri a prática da Parábola do Semeador, confesso que o Seminário e a igreja jamais poderiam me dar essa prática, só mesmo no Caminho.

Bem, feira de livro em shopping, pessoas dispostas a falarem depois de um gesto de amor e atenção, padaria aberta de madrugada. Já sabe onde estou?

Em São Paulo, é claro!

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