Alguns anos em poucos minutos


Terça-Feira, 20 de janeiro de 2009, comemoração do aniversário do Romeu Junior. Pois é, meu primo já está um adolescente e eu, naturalmente, ficando velho.


Mas, o texto não tem relação com o aniversário do Junior, mas com o que me aconteceu quando eu fui embora. Estava chovendo muito na terça e eu precisava partir pra casa porque na manhã seguinte tinha que trabalhar. Peguei minha bolsa com as roupas que levei pra lavar na casa de Aline e como estava sem guarda-chuva corri pra pegar o ônibus na Marechal Marciano. A chuva tinha aumentado e eu estava ficando todo molhado e preocupado com as roupas na bolsa que logo ficariam molhadas também, o ônibus demorava muito, já tinham se passado uns 35 minutos pelas minhas contas.


Passados mais alguns instantes veio um ônibus, um 743, pensei, legal vou chegar rápido em casa e ainda dá tempo de passar as roupas antes de fazer as malas. Para minha surpresa o ônibus dobrou na Lomas e seguiu pela rua do Hospital Albert Schweitzer e deu uma volta em meio mundo. Durante esse tempo, passei por alguns lugares muito familiares que me fizeram lembrar de alguns momentos da minha vida dos quais já tinha me esquecido, os olhos ficaram marejados, o coração acelerado e na cabeça as lembranças pareciam momentos vividos há poucos instantes.


Recordei-me de pessoas que foram importantes na minha vida, gente que verdadeiramente se importava comigo, pessoas que dedicaram tempo, atenção, carinho, cuidado e amor por mim. Agora mais velho, com o coração marcado pela vida e sem aquela ansiedade ingênua que me tirava o sono, percebo que eu poderia ter dado mais valor as pessoas que de fato eram importantes e eu não sabia. Não quero deixar margem para vãs interpretações, por isso, prefiro não falar nomes, mas quem sabe sabe.


Como foi bom passar pelas ruas do Catiri, Jardim Bangu, Água Branca, Av. Brasil, passar em frente ao PAM de Bangu (que saudade dos meus tios, já falecidos), passar pelo viaduto de Bangu e me lembrar dos tempos de Rio da Prata, do Cassino Bangu, do Bangu Atlético Clube... pois é, os olhos marejaram novamente.


Heráclito, o meu pré-socrático predileto, tem razão: “um corpo não pode banhar-se duas vezes na mesma água de um rio”. As águas passam. Ouvi uma vez de uma ex-namorada muito querida, aquém tenho muito respeito até hoje, ela dizia assim: “E o Mundo gira, gira, gira...”, foi a única que namorei duas vezes e espero que assim continue.



Porto Alegre, 23/01/2009.

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