Flash, lampejo e reflexo!


“Por um instante fiquei atônito, percebi que não faço mais diferença na vida deles, eles estão crescendo e eu fiquei parado, estatelado, congelado nos meus pensamentos prosaicos, bairristas e arcaicos. Que sofrimento! Percebi que a vida passou e que agora aos 73 anos estou só, sem uma viva alma que possa habitar junto comigo essa imensa vida vazia”.
Corta! – gritou o Diretor – tira um pouco da luz, ele está suando de mais, aumente um pouco o microfone do quarto e tira um pouco dessa poeira, eu sei que isso é uma casa de velho, mas poeira demais é complicado, né meu filho.


O Diretor parecia impaciente com tantas coisas fora de sintonia, não conseguia relaxar e estava envolvido com tudo que tava acontecendo. Porém, apesar de tudo isso, ele ainda assim conseguia encontrar tempo para expressar seu amor por Florzinha. Menina meiga, simples, sem muito luxo, mas com um sorriso que desmontava qualquer preocupação que o Diretor pudesse ter. Ao ver Florzinha ele se acalmava, era como se sorvesse um gole de seu whisky predileto, importado e envelhecido na medida certa do seu gosto. Era capaz de passar horas à fio contemplando tal simplicidade interiorana diante dos seus olhos, marcados e viciados por tantas cenas de paixão, amor, ódio, sexo e separação.

Apesar de seu olhar viciado, Florzinha extraia de seu coração os sentimento mais profundos e sinceros dos quais ele ainda não havia sentido. Apesar de inúmeros relacionamentos já vividos, ainda assim aquele Diretor, sentia pela primeira vez o que é o Amor
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