(continuação)

...ao se descobrir um amante, o Diretor questionava sobre tudo o que já tinha vivido, suas viagens, suas paixões, sua vida e seus amores, acreditava piamente que talvez tudo tivesse sido em vão. Então, num lapso de pensamento, num insite, lembra-se de sua conselheira a quem chamava carinhosamente de oráculo, que dizia com tamanha propriedade: "Viva e deixe-se viver, ame e deixe-se amar". Aquela simples frase ecoava em sua mente esvaziada pela solidão à ponto de chegar ao profundo da alma e, provocar assim aquilo que ele mesmo definia como motivação para ser feliz.

Do outro lado da cidade, a espera do ônibus que a levava para casa todas as noites, estava Florzinha, cansada, exauta pelo dia intenso de trabalho. Lendo seu autor predileto, Eça de Queiroz, seus pensamentos eram segredos de estado, ninguém ousava perguntar o que se passava naquela mente inspirada por Eça, na certa uma surpresa indefinida e imensurável. Enquanro o Diretor era uma fonte que jorrava criatividade, Florzinha era um poço de pensamentos, dizia ela: "É melhor ficar calada para não se complicar depois", já, para o Diretor falar era fundamental para manter sempre uma boa comunicação, mesmo que as palavras fossem dissonantes.

No dia seguinte, levantou-se bem cedo e como todos os dias fritava os ovos com queijo, esquentava os pões de forma e seguia comendo pela rua para não se atrasar nos gravações. Ao chegar no set de filmagem, reparou que dessa vez a iluminação e tudo mais que o incomodava estava resolvido, não mais tivera de reclamar com os assistentes, o dia parecia ser perfeito não fosse a saudade de sua amada.

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