Meu trabalho de Liderança para o Seminário

Martin Luther King


 



 

O Dr. Martin Luther King, Jr. (15 de janeiro de 1929, Atlanta, Geórgia4 de abril de 1968, Memphis, Tennessee) foi um pastor e ativista político
estadunidense. Pertencente à Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis (para negros e mulheres, principalmente) nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo. Se tornou a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é "Eu Tenho Um Sonho".

 

Vida familiar

King nasceu em Atlanta, filho de Martin Luther King (pai) e Alberta Williams King. (Registros de nascimentos para Martin Luther King Junior confirmam seu nome como sendo Michael). King se graduou no Morehouse College, em 1948, com um bacharelado em sociologia. No Morehouse, King foi mentorado por Benjamin Mays, um ativista dos direitos civis. Em 1951 viria a formar-se no Seminário Teológico Crozer, em Chester, Pensilvânia. Em 1955 recebeu um PhD em Teologia Sistemática pela Universidade de Boston. Por essa razão, muitos se referem à ele como Doutor
Martin Luther King.


 


 

Casamento e filhos

King se casou com Coretta Scott em 18 de junho de 1953. O pai de King realizou a cerimônia de casamento na casa dos pais de Scott em Marion, Alabama.

King e sua esposa vieram a ter quatro filhos:

Todos os quatro filhos de King seguiram os passos do pai como ativistas de direitos civis, apesar de que opiniões e crenças sejam bastante diferentes entre eles.

A esposa de King, Coretta Scott King, faleceu em 30 de janeiro de 2006.


 

Ativismo político

King se tornou pastor em 1954, em Montgomery, Alabama. Co-liderou o boicote aos ônibus de Montgomery em 1955, que começou com a recusa de Rosa Parks em ceder seu lugar para um branco. Ele foi preso durante a campanha, que se encerrou com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a segregação nos ônibus locais.

Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas Batistas. King era seguidor das idéias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano também conhecido como Mahatma Gandhi), e aplicava essas idéias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não-violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos EUA, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; e essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos EUA a partir do começo da década de 1960.



 

Martin Luther King Jr. profere o seu famoso discurso "Eu tenho um sonho" em março de 1963 frente ao Memorial Lincoln em Washington, durante a chamada "marcha pelo emprego e pela liberdade".

Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).

King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não-violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Alabany (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir participou dos protestos em Birmingham (1963), e do protesto em St. Augustine (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma.

Em 14 de outubro de 1964 King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.

Com colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março.

  • Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas 6 blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país, e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou desta marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estado-unidense, e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
  • A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Este ato tresloucado causou surpresa e indignação de muitos ativistas locais.
  • A marcha finalmente se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power".

Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, mas depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos.

A partir de 1965 o líder negro passou a duvidar das intenções estadounidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e novamente em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempanhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a pobreza (a Campanha dos Pobres), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.

Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.

Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas anos depois repudiou sua confissão. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King.

Desde sua morte, a reputação de King cresceu tanto a ponto de tornar seu nome um dos mais reverenciados na história estado-unidense; chega a ser colocado como o equivalente a Abraham Lincoln do século XX. Os defensores desta comparação dizem que ambos foram líderes de grandes avanços na aquisição de direitos humanos - contra grandes dificuldades - e ambos tiveram o mesmo fim, assassinados pela causa que defenderam.

Existem diversos escritos e discursos de Martin Luther King, frutos de sua longa experiência como pregador. Sua Carta da Prisão de Birmingham, escrita em 1963, é uma descrição apaixonada de sua cruzada por justiça. Uma das sua mais famosas frases ganha atualidade a cada dia: "Não me surpreendo com o grito dos maus, mas sim com o silêncio dos bons". Numa sociedade que prima pela omissão frente aos grandes desafios morais que se lhe impõem, o pregador norte-americano continua sendo um exemplo de vigor e coragem.

Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos EUA para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.

"Eu tenho o sonho de ver um dia meus 4 filhos vivendo numa nação em que não sejam julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter".

"Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio"

"Pessoas oprimidas não podem permanecer oprimidas para sempre".

Martin Luther King, Jr. (líder da integração racial norte-americana, 1929-1968)


 

Bibliografia e referências

Adolf Hitler

Nascimento 

20 de abril de 1889
Braunau am Inn

Falecimento 

30 de abril de 1945
Berlim

Nacionalidade 

austríaca

Cargo 

Führer do III Reich

Adolf Hitler (Braunau am Inn, Áustria, 20 de abril de 1889Berlim, 30 de abril de 1945) foi o líder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão
Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), também conhecido por Nazi por oposição aos sociais-democratas, os Sozi), chanceler e, posteriormente, ditador
alemão. Era filho de um funcionário de alfândega de uma pequena cidade fronteiriça da Áustria com a Alemanha.

As suas teses racistas e anti-semitas e os seus objectivos para a Alemanha ficaram patentes no seu livro de 1924, Mein Kampf (Minha luta). No período da sua ditadura os judeus e outros grupos minoritários considerados "indesejados", como Testemunhas de Jeová, eslavos, poloneses, ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, foram perseguidos e exterminados no que se convencionou chamar de Holocausto. Hitler seria derrotado apenas pela intervenção externa dos países aliados no prosseguimento da Segunda Guerra Mundial, que acarretou a morte de um total estimado em 50 ou 60 milhões de pessoas. Cometeu suicídio no seu Quartel-General (o Führerbunker), em Berlim, a 30 de abril de 1945, com o Exército Soviético a poucos quarteirões de distância. Hitler era canhoto (ou ambidestro segundo algumas fontes), sofria de fotofobia, era vegetariano (segundo algumas fontes apenas na fase terminal da vida, por conselho médico), abstémio e falava um alemão com sotaque típico dos subúrbios de Viena (Wiener Vorstadtdialekt).

Relata Wilhelm Keitel, que Hitler não suportava que fumassem em sua presença, tinha raiva de cavalos e considerava a caça uma matança da fauna inocente. Embora reforce que Hitler era abstêmio, afirma que uma única vez o viu beber um copo de cerveja, no dia em que ele visitou Praga, após sua conquista.

A despeito de toda a maldade que manifestou, Hitler era uma pessoa polida e cordial no trato particular, quase paternal, a confiar na narrativa de Traudl Junge, sua secretária. Quando de suas visitas a Munique, Hitler gostava de se reunir com seus camaradas no restaurante Osteria Bavária, na Shellingstrasse, sempre pedindo um ravioli e água mineral Fachinger ou Apollinaris. Como sobremesa, não dispensava um pavê de chocolate.

 

A família de Hitler



 

A árvore genealógica de Adolf Hitler

No período inicial da sua vida desde o nascimento até à entrada na política, a seguir à Primeira Guerra Mundial. "Vocês não podem saber de onde e de que família eu venho" disse ele, em 1930, a opositores políticos (citado por Christian von Krockow). No verão de 1938, pouco depois da anexação da Áustria, Hitler ordenou a evacuação e destruição da aldeia de onde provinham os seus pais e avós, para ali instalar um campo de treino militar. Hitler envergonhava-se manifestamente das suas origens humildes. Parece não ter feito nada de relevante até ao momento em que iniciou a sua vida militar. As suas declarações em "Mein Kampf", sobre a sua infância, serviram sobretudo para promoção pessoal e são, por isso, pouco confiáveis.

Infância e juventude em Linz

Adolf Hitler morava numa pequena localidade perto de Linz, na província da Alta-Áustria, próximo da fronteira alemã, e que à época era parte do Império Austro-Húngaro. O seu pai, Alois Hitler (1837-1903), que nascera como filho ilegítimo, era funcionário da alfândega. Até aos seus quarenta anos, o pai de Hitler, Alois, usou o sobrenome da sua mãe, Schicklgruber. Em 1876, passou a empregar o nome do seu pai adotivo, Johann Georg Hiedler, cujo nome terá sido alterado para "Hitler" por erro de um escrivão, depois de ter feito diligências junto de um sacerdote responsável pelos registros de nascimento para que fosse declarada a paternidade, já depois da morte do seu padrasto. Adolf Hitler chegou a ser acusado, depois, por inimigos políticos de não ser um Hitler mas sim um Schicklgruber. A própria propaganda dos aliados fez uso desta acusação ao lançar vários panfletos sobre diversas cidades alemãs com a frase "Heil Schicklgruber" - ainda que estivesse relacionado, de fato, aos Hiedler por parte da sua mãe.

A mãe de Hitler, Klara Hitler (o nome de solteira era Klara Polzl), era prima em segundo grau do seu pai. Este trouxera-a para sua casa para tomar conta dos seus filhos, enquanto a sua outra mulher, doente e prestes a morrer, era cuidada por outra pessoa. Depois da morte desta, Alois casou-se, pela terceira vez, com Klara, depois de ter esperado meses por uma permissão especial da Igreja Católica que foi concedida exatamente quando Klara já se mostrava visivelmente grávida. No total, Klara teve seis filhos de Alois. No entanto, apenas Adolf, o quarto, e sua irmã mais nova, Paula, sobreviveram à infância.

Adolf era um rapaz inteligente mas mal humorado. Foi reprovado por duas vezes no exame de admissão à escola secundária de Linz. Ali, começou a acalentar idéias pangermânicas, fortalecidas pelas leituras que o seu professor Leopold Poetsch, um anti-semita bastante admirado pelo jovem Hitler, lhe recomendou vivamente.

Hitler era devotado à sua complacente mãe e, presumivelmente, não gostava do pai, que apreciava a disciplina e o educava severamente, além de não compartilharem muitas ideias políticas. Em "Mein Kampf", Hitler é respeitoso para com a figura de seu pai, mas não deixa de referir discussões irreconciliáveis que teve com ele acerca da sua firme decisão em se tornar artista. De facto, interessou-se por pintura e arquitectura. O pai opunha-se firmemente a tais planos, preferindo que o filho fizesse carreira na função pública.

Em Janeiro de 1903 morreu Alois Hitler, vítima de alcoolismo, numa taberna. Em Dezembro de 1907 morreu Klara, de cancro, o que o terá afectado sensivelmente.

Viena

Com dezenove anos de idade Adolf era órfão e em breve partiu para Viena, onde tinha uma vaga esperança de se tornar um artista. Tinha, então, direito a um subsídio para órfãos, que acabaria por perder aos 21 anos, em 1910.

Em 1907 fez exames de admissão à academia das artes de Viena, sem êxito. Nos anos seguintes permaneceu em Viena sem um emprego fixo, vivendo inicialmente do subsídio do apoio financeiro de sua tia Johanna Pölzl, de quem recebeu herança. Chegou mesmo a pernoitar num asilo para mendigos na zona de Meidling no outono de 1909. Os outros mendigos deram-lhe a alcunha de "Ohm Krüger" (segundo o historiador Sebastian Haffner). Teve depois a ideia de copiar postais e pintar paisagens de Viena - uma ocupação com a qual conseguiu financiar o aluguel de um apartamento, na Meldemannstrasse. Pintava cenas copiadas de postais e vendia-as a mercadores, simplesmente para ganhar dinheiro, não considerando as suas pinturas uma forma de arte. Ao contrário do mito popular, fez uma boa vida como pintor, ganhando mais dinheiro do que se tivesse um emprego regular como empregado bancário ou professor do liceu, e tendo de trabalhar menos horas. Durante o seu tempo livre ele frequentava a ópera de Viena, especialmente para assistir a óperas relacionadas com a mitologia nórdica, de Richard Wagner, e cujas produções viria, mais tarde, a financiar, como meio de exaltação do nacionalismo germânico. Muito de seu tempo era dedicado à leitura.

Foi em Viena que Hitler se começou a perfilar como um ativo anti-semita, particularidade que governaria a sua vida e que foi a chave das suas ações subsequentes. O anti-semitismo estava profundamente enraizado na cultura católica do sul da Alemanha e na Áustria, onde Hitler cresceu. Viena tinha uma larga comunidade judaica, incluindo muitos Judeus Ortodoxos da Europa de Leste. Hitler tomou aí contato com os judeus ortodoxos, que, ao contrário dos judeus de Linz, distinguiam-se pelas suas vestes. Intrigado, procurou informar-se sobre os judeus através da leitura, tendo comprado em Viena os primeiros panfletos abertamente anti-semitas que leu na vida, como relata em Mein Kampf.

Em Viena, o Anti-semitismo tinha-se desenvolvido das suas origens religiosas numa doutrina política, promovida por pessoas como Jörg Lanz von Liebenfels, cujos panfletos foram lidos por Hitler; políticos como Karl Lueger, o presidente da câmara de Viena, e Georg Ritter von Schönerer, fundador do partido Pan-Germânico. Deles, Hitler adquiriu a crença na superioridade da "Raça Ariana" que formava a base das suas visões políticas e na inimizade natural dos judeus em relação aos "arianos", responsabilizando-os pelos problemas económicos alemães.

Como Hitler relata em Mein Kampf, foi também em Viena que tomou contato com a doutrina Marxista, tendo "aprendido a lidar com a dialética deles", na discussão com marxistas, "incorporando-a para os meus fins".

Munique, a Primeira Guerra Mundial

Em Maio de 1913, recebeu uma pequena herança do seu pai e mudou-se para Munique. Como escreveria mais tarde em "Mein Kampf", sempre desejara viver numa cidade alemã, talvez de acordo com o seu desejo de se afastar do império multiétnico Austro-Húngaro e viver num país "racialmente" mais homogéneo. Em Munique interessou-se especialmente por arquitectura e pelos escritos de Houston Stewart Chamberlain. Ao mudar-se, fugia, também, ao serviço militar no exército Austro-Húngaro, que o capturou pouco depois e o submeteu a um exame físico (pelo qual ficamos a saber que mediria 1,73 m). Foi considerado inapto para o serviço militar e permitiram-lhe que regressasse a Munique, onde prosseguiu a sua actividade de pintor, vendendo por vezes os seus quadros pela rua...

Mas em Agosto de 1914, quando a Alemanha entrou na Primeira Guerra Mundial, alistou-se imediatamente no exército bávaro. Serviu na França e Bélgica como mensageiro, uma posição muito perigosa, que envolvia exposição a fogo inimigo, em vez da proteção proporcionada por uma trincheira. A folha de serviço de Hitler foi exemplar mas nunca foi promovido além de cabo, por razões que se desconhecem, o que seria considerado mais uma humilhação na sua vida. O seu cargo, num lugar baixo da hierarquia militar, reflectia a sua posição na sociedade quando entrou para o exército. Não estava autorizado a comandar qualquer agrupamento de soldados, por mais pequeno que fosse. Foi condecorado duas vezes por coragem em acção. A primeira medalha que recebeu foi a Cruz de Ferro de Segunda Classe em Dezembro de 1914. Depois, em Agosto de 1918, recebeu a Cruz de Ferro de Primeira Classe, uma distinção raramente atribuída a não oficiais, até porque Hitler não podia ascender a uma graduação superior, já que não era cidadão alemão. Em Outubro de 1916, no norte de França, Hitler foi ferido numa perna, mas regressou à frente em Março de 1917. Recebeu a Das Verwundetenabzeichen (condecoração por ferimentos de guerra) nesse mesmo ano, já que a ferida era resultado directo da exposição ao fogo inimigo.

Durante a guerra, Hitler desenvolveu um patriotismo alemão apaixonado, apesar de não ser cidadão Alemão: um detalhe que não rectificaria antes de 1932. Ficou chocado pela capitulação da Alemanha de Novembro de 1918, sustentando a idéia de que o exército alemão não tinha sido, de facto, derrotado. Como muitos nacionalistas alemães, culpou os políticos civis (os "criminosos de Novembro") pela capitulação.

Após a Primeira Guerra Mundial, Hitler permaneceu no exército, agora activo na supressão de revoltas socialistas que surgiam pela Alemanha, incluindo Munique, aonde Hitler regressou em 1919.

Recebendo um salário baixo, Hitler continuou ligado ao exército. Fez parte dos cursos de "pensamento nacional" organizados pelos departamentos da Educação e propaganda (Dept Ib/P) do grupo da Reichswehr da Baviera, Quartel-general número 4 sob o comando do capitão Mayr. Um dos principais objectivos deste grupo foi o de criar um bode expiatório para os resultados da Guerra e a derrota da Alemanha. Este bode expiatório foi encontrado no "judaísmo internacional", nos comunistas, e nos políticos de todos os sectores.

Para Hitler, que tinha vivido os horrores da guerra, a questão da culpa era essencial. Já influenciado pela ideologia anti-semita, acreditava avidamente na responsabilidade dos judeus, tornando-se em breve num divulgador eficiente da propaganda concebida por Mayr e seus superiores. Em Julho de 1919, Hitler, devido à sua inteligência e dotes oratórios, foi nomeado líder e elemento de ligação (V-Mann) do "comando de esclarecimento" com o objectivo de influenciar outros soldados com as mesmas idéias.

Cartão de Adolf Hitler de membro do Partido Alemão dos Trabalhadores. Hitler pretendia criar o seu próprio partido mas os seus superiores no exército (Reichswehr) ordenaram-no a se infiltrar num partido já existente.

Foi, então, designado pelo quartel-general para se infiltrar num pequeno partido nacionalista, o Partido dos Trabalhadores Alemães (DAP). Hitler aderiu ao partido recebendo o número de membro 555 (a numeração começara em 500, por orientação de Hitler, para dar a impressão de que o partido tinha uma dimensão maior do que a verdadeira,) em Setembro de 1919. Foi aqui que Hitler conheceu entre outros, Dietrich Eckart, um anti-semita e um dos primeiros membros do partido. Tornou-se rapidamente chefe do partido.

No mesmo mês (Setembro de 1919), Hitler escreveu aquele que é geralmente tido como o seu primeiro texto anti-semita, um "relatório sobre o Anti-Semitismo" requerido por Mayr para Adolf Gemlich, que participara nos mesmos "cursos educacionais" em que Hitler havia participado. Neste relatório ao seu superior, Hitler fez a apologia de um "Anti-semitismo racional" que não recorreria aos pogroms, mas que "lutaria de forma legal para remover os privilégios gozados pelos judeus em relação a outros estrangeiros vivendo entre nós. O seu objectivo final, no entanto, deverá ser a remoção irrevogável dos próprios judeus". [2]

Certamente todos compreenderam, na altura, que Hitler apelava à expulsão forçada. Se o próprio Hitler assim o entendeu é menos claro, tendo em conta o genocídio que Hitler ordenaria 22 anos depois.

Hitler não seria liberado do exército antes de 1920. A partir dessa data, começou a participar plenamente nas actividades do partido. Em breve se tornaria líder do partido e mudou o seu nome para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães), normalmente conhecido como partido Nazi, ou Nazista, que vem das palavras "National Sozialistische", em contraste com os Sozi, um termo usado para descrever os sociais democratas. O partido adoptou a suástica (supostamente um símbolo do "Arianismo") e a saudação romana, também usada pelos fascistas italianos.

Serviu-se, depois, do apoio da Sturmabteilung (SA), uma milícia paramilitar de homens, identificados com camisas castanhas, que vagueavam pelas ruas atacando esquerdistas e minorias religiosas e gritando slogans de propaganda, que criou em 1921, para criar um ambiente de apoio popular. Por volta de 1923 conheceu Julius Streicher, o editor de um jornal violentamente anti-semita chamado Der Stürmer, que apoiaria a sua propaganda de promoção pessoal e de ódio anti-semita.

O partido Nazi era nesta altura constituído por um pequeno número de extremistas de Munique. Mas Hitler, em breve, descobriu que tinha dois talentos: o da oratória pública e o de inspirar lealdade pessoal. A sua oratória de esquina, atacando os judeus, os socialistas e os liberais, os capitalistas e os comunistas, começou a atrair simpatizantes. Alguns dos seguidores desde o início foram Rudolf Hess, Hermann Göring, e Ernst Röhm, o líder da SA. Outro admirador foi o Marechal de campo Erich Ludendorff.

O putsch da Cervejaria

O Putsch da Cervejaria foi uma malfadada tentativa de golpe de Adolf Hitler e seu Partido Nazista contra o governo da região alemã da Baviera, ocorrida em 9 de novembro de 1923. O objetivo do Führer era tomar as rédeas do governo bávaro para, em seguida, tentar abocanhar o poder em todo o país. Mas a tresloucada ação foi rapidamente controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários – entre eles Rudolf Hess – acabaram presos.

A obra de Hitler: Mein Kampf

Hitler usou o seu julgamento como uma oportunidade de espalhar a sua mensagem por toda a Alemanha. Em Abril de 1924 ele foi condenado a 5 anos de prisão (acabaria por ser amnistiado passados pouco mais de 6 meses) no estabelecimento prisional de Landsberg. Ali, ele ditou um livro chamado "Mein Kampf" (Minha Luta) ao seu fiel ajudante Rudolf Hess. O livro foi escrito entre 1923 e 1924 na prisão e mais tarde numa taverna.

Ler o Mein Kampf é como ouvir Hitler falar longamente sobre a sua juventude, os primeiros dias do partido nazi, planos futuros para a Alemanha e ideia sobre política e raça. O título originalmente escolhido por Hitler era "Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e cobardice". O seu editor nazi aconselhou-o a encurtar para "Mein Kampf", simplesmente a minha luta ou a minha batalha.

Na sua escrita, Hitler anunciou sua aversão contra aquilo que ele via como os dois males gémeos do mundo: Comunismo e Judaísmo, e declarou que o seu objectivo era erradicar ambos da face da terra. Ele anunciou que a Alemanha necessitava de obter novo terreno que chamou de "Lebensraum" (espaço vital) que iria nutrir apropriadamente o "destino histórico" do povo Alemão; este objectivo explica porque Hitler invadiu a Europa, a Leste e a Oeste, antes de lançar o ataque contra a Rússia. Hitler apresentou-se em Mein Kampf como o "Übermensch", ou "Sobrehomem", de que falava Friedrich Nietzsche nos seus escritos, especialmente no seu livro, 'Assim falou Zaratustra'. Uma vez que Hitler culpava o presente governo parlamentar por muitos dos males pelos quais ele se encolerizava, ele anunciou que iria destruir completamente esse tipo de governo. É em Mein Kampf que se pode descobrir a verdadeira natureza do caracter de Hitler. Ele divide os humanos com base em atributos físicos e psicológicos. Hitler afirma que os "arianos" estavam no topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos judeus, polacos, russos, checos e ciganos. Segundo ele, aqueles povos beneficiam pela aprendizagem com os superiores arianos. Hitler também afirma que os judeus estão a conspirar para evitar que a raça ariana se imponha ao Mundo como é seu direito, ao diluir a sua pureza racial e cultural e ao convencer os Arianos a acreditar na igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre arianos e judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre estas duas etnias foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder.

Ascensão ao poder

Após sua prisão devido ao comando do Putsch da Cervejaria, Hitler foi considerado relativamente inofensivo e anistiado, sendo libertado da prisão em Dezembro de 1924. Por este tempo, o partido nazista mal existia e Hitler necessitaria de um grande esforço para o reconstruir.

Nestes anos, ele fundou um grupo que mais tarde se tornaria um dos seus instrumentos fundamentais na persecução dos seus objectivos. Uma vez que o Sturmabteilung ("Tropas de choque" ou SA), de Röhm, não eram confiáveis, e formavam uma base separada de poder dentro do partido, ele estabeleceu uma guarda de sua defesa pessoal, a Schutzstaffel ("Unidade de Proteção" ou SS). Esta elite de tropas em uniforme preto seria comandada por Heinrich Himmler, que se tornaria no principal executor dos seus planos relativamente à "Questão Judia" durante a Segunda Guerra Mundial.

Criou também numerosas organizações de filiação (Juventudes Hitleristas, associações de mulheres, etc.). O Partido nazi teve em 1929 uma progressão semelhante à do partido fascista de Benito Mussolini, beneficiando-se do mal-estar econômico, político e social decorrente da derrota de 1918 e, depois, da crise de 1929.

Um elemento vital do apelo de Hitler era o sentimento de orgulho nacional ofendido pelo Tratado de Versalhes imposto ao Império Alemão pelos aliados. O Império Alemão perdeu território para a França, Polónia, Bélgica e Dinamarca e teve de admitir a responsabilidade única pela guerra, desistir das suas colónias e da sua marinha e pagar uma grande soma em reparações de guerra, um total de $6.600.000 (32 biliões de marcos). Uma vez que a maioria dos alemães não acreditava que o Império Alemão tivesse começado a guerra e não acreditava que havia sido derrotado, eles ressentiam-se destes termos amargamente. Apesar das tentativas iniciais do partido de ganhar votos culpabilizando o "judaísmo internacional" por todas estas humilhações não terem sido particularmente bem sucedidas com o eleitorado, a máquina do partido aprendeu rapidamente e em breve criou propaganda mais subtil - que combinava o Anti-semitismo com um ardente ataque aos falhanços do "sistema Weimar" (a República de Weimar) e os partidos que o suportavam. Esta estratégia começou a dar resultados.


 

na foto: Benito Mussolini e Hitler em visita à Iugoslávia ocupada.

Uma propaganda demagógica, que explorava habilmente essas frustrações e o sentimento anti-semita generalizado da sociedade alemã da época, apresentando os judeus como bode expiatório dos problemas sociais, permitiu aos nazistas implantarem-se na classe média e entre os operários, ao mesmo tempo em que o abandono do programa social inicial lhes trazia o apoio da classe dirigente e dos meios industriais.

O ponto de viragem em benefício de Hitler veio com a Grande Depressão que atingiu a Alemanha em 1930. O regime democrático estabelecido na Alemanha em 1919, a chamada República de Weimar, nunca tinha sido genuinamente aceita pelos conservadores e tinha a oposição aberta dos fascistas.

Os sociais democratas e os partidos tradicionais de centro e direita eram incapazes de lidar com o choque da depressão e estavam envolvidos no sistema de Weimar. As eleições de Setembro de 1930 foram uma vitória para o partido Nazi, que de repente se levantou da obscuridade para ganhar mais de 18% dos votos e 107 lugares no "Reichstag" (parlamento alemão), tornando-se o segundo maior partido. A sua subida foi ajudada pelo império de mídia controlado por Alfred Hugenberg, de direita.

Hitler ganhou sobretudo votos entre a classe média alemã, que tinha sido atingida pela inflação dos anos 20 e o desemprego oriundo da grande depressão. Agricultores e veteranos de guerra foram outros grupos que apoiaram em especial os nazistas. As classes trabalhadoras urbanas ignoraram geralmente os apelos de Hitler, em especial nas cidades de Berlim e Bacia do Ruhr (norte da Alemanha protestante) eram particularmente hostis.

A eleição de 1930 foi um desastre para o governo de centro-direita de Heinrich Brüning, que estava agora impossibilitado de obter qualquer maioria no Reichstag, e teve de contar com a tolerância dos sociais democratas (esquerda) e o uso de poderes presidenciais de emergência para permanecer no poder. Com as medidas de austeridade de Brüning mostrando pouco sucesso face aos efeitos da depressão, o governo teve receio das eleições presidenciais de 1932 e procurou obter o apoio dos nazis para a extensão do termo presidencial de Paul von Hindenburg, mas Hitler recusou qualquer acordo, e acabou por competir com Hindenburg na eleição presidencial, obtendo o segundo lugar na primeira e segunda fases da eleição, e obtendo mais de 35% dos votos na segunda fase, em Abril, apesar das tentativas do ministro do interior Wilhelm Gröner e do governo social-democrata prussiano para restringir as atividades públicas nazistas, incluindo notoriamente a proibição das SA.

Os embaraços da eleição puseram fim à tolerância de Hindenburg para com Brüning, e o velho Marechal de Campo demitiu o governo, nomeando um novo governo sob o comando do reacionário Franz von Papen, que imediatamente revogou a proibição das SA e convocou novas eleições do Reichstag.

Nas eleições de Julho de 1932, os nazistas tiveram o seu melhor resultado até então, obtendo 230 lugares no Parlamento e tornando-se o maior partido alemão. Uma vez que nazistas e comunistas detinham a maioria do Reichstag, a formação de um governo estável de partidos do centro era impossível e no seguimento do voto de desconfiança no governo Papen, apoiado por 84% dos deputados, o parlamento recém-eleito foi dissolvido e foram convocadas novas eleições.

Papen e o Partido do Centro tentaram agora abrir negociações assegurando a participação no governo, mas Hitler fez grandes exigências, incluindo o posto de Chanceler e o acordo do presidente para poder usar poderes de emergência de acordo com o artigo 48 da Constituição de Weimar. Este falhanço em formar um governo, juntamente com os esforços dos Nazis de ganhar o apoio da classe trabalhadora, alienaram parte do apoio de prévios votantes, de modo que nas eleições de Novembro de 1931, o partido nazista perdeu votos, apesar de se manter como o maior partido do Reichstag.

Uma vez que Papen falhara na sua tentativa de assegurar uma maioria através da negociação e trazer os nazistas para o governo, Hindenburg demitiu-o e nomeou para o seu lugar o General Kurt von Schleicher, desde há muito uma figura influente e que recentemente ocupava o cargo de Ministro da Defesa, que prometeu assegurar um governo maioritário com negociações quer com os sindicatos sociais democratas quer com os dissidentes da facção nazi liderada por Gregor Strasser.

Enquanto Schleicher procurava realizar a sua difícil missão, Papen e Alfred Hugenberg, que era também presidente do partido nacional do povo alemão (DNVP), o maior partido de direita da Alemanha antes da ascensão de Hitler, conspiravam agora para convencer Hindenburg a nomear Hitler Chanceler numa coligação com o DNVP, prometendo que eles o iriam controlar. Quando Schleicher foi forçado a admitir o falhanço dos seus esforços, e pediu a Hindenburg para dissolver novamente o Reichstag, Hindenburg demitiu-o e colocou o plano de Papen em execução, nomeando Hitler Chanceler com Papen como Vice-Chanceler e Hugenberg como Ministro das Finanças, num gabinete que ainda só incluía três Nazis - Hitler, Göring e Wilhelm Frick. A 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler prestou juramento oficial como Chanceler na Câmara do Reichstag, perante o aplauso de milhares de simpatizantes nazistas.

Mas Hitler ainda não tinha cativado definitivamente a nação. Ele foi feito Chanceler numa designação legal pelo presidente Hindenburg, o que foi uma ironia da história, uma vez que os partidos do centro tinham apoiado o presidente Hindenburg por ele ser a única alternativa viável a Hitler, não prevendo que seria Hindenburg que iria trazer o fim da República.

Mas nem o próprio Hitler nem o seu partido obtiveram alguma vez uma maioria absoluta. Nas últimas eleições livres, os nazis obtiveram 33% dos votos, ganhando 196 lugares em 584. Mesmo nas eleições de Março de 1933, que tiveram lugar após o terror e violência terem varrido o Estado, os nazis obtiveram 44% dos votos. O partido obteve o controle de uma maioria de lugares no Reichstag através de uma coligação formal com o DNVP. No fim, os votos adicionais necessários para propugnar a lei de aprovação do governo, que deu a Hitler a autoridade ditatorial, foram assegurados pelos nazistas pela expulsão de deputados comunistas e intimidando ministros dos partidos do centro. Numa série de decretos que se seguiram pouco depois, outros partidos foram suprimidos e toda a oposição foi proibida. Em poucos meses, Hitler tinha adquirido o controle autoritário do país e enterrou definitivamente os últimos vestígios de democracia.

Regime Nazista

1 de Abril de 1933 - Os Nazis, recém-eleitos, organizam sob a batuta de Julius Streicher um boicote de um dia a todos as lojas e negócios pertencentes a Judeus na Alemanha, uma premonição do Holocausto. Neste cartaz afixado por um membro da milícia para-militar SA (os camisas pardas), lê-se a seguinte propaganda Anti-semita: Alemães, defendam-se! Não comprem aos judeus!

Após ter assegurado o poder político sem ter ganho o apoio da maioria dos Alemães, Hitler tratou de o conseguir, e na verdade, Hitler permaneceu fortemente popular até ao fim do seu regime. Com a sua oratória e com todos os meios de comunicação alemães sob o controlo do seu chefe de propaganda, o Dr. Joseph Goebbels, ele conseguiu convencer a maioria dos Alemães de que ele era o salvador da Depressão, dos Comunistas, do tratado de Versalhes, e dos judeus.

Para todos aqueles que não ficaram convencidos, as SA, a SS e Gestapo (Polícia secreta do Estado) tinham mãos livres, e milhares desapareceram em campos de concentração como o Campo de Concentração de Dachau, perto de Munique, criado em 1933, o primeiro de todos e um modelo para os demais. Muitos milhares de pessoas emigraram, incluindo cerca da metade dos Judeus, que fugiram sobretudo para a Inglaterra, Israel (na época chamada de Palestina, sob domínio Inglês) e EUA.

Na noite de 29 para 30 de Junho de 1934, a chamada "Noite das facas longas", Hitler autorizou a acção contra Röhm, o líder das SA, que acabaria por ser assassinado. Himmler tinha conspirado contra Röhm, apresentando a Hitler "provas" manipuladas de que Röhm planeava o assassínio de Hitler.

A 2 de Agosto de 1934, Hindenburg morre. Hitler apodera-se do seu lugar, fundindo as funções de Presidente e de Chanceler, passando a se auto-intitular de Líder (Führer) da Alemanha e requerendo um juramento de lealdade a cada membro das forças armadas. Esta fusão dos cargos, aprovada pelo parlamento poucas horas depois da morte de Hindenburg, foi mais tarde confirmada pela maioria de 89.9% do eleitorado no plebiscito de 19 de Agosto de 1934.

Os judeus que até então não tinham emigrado iriam em breve se arrepender da sua hesitação. Com as Leis de Nuremberg de 1935, eles perderam o seu estatuto de cidadãos alemães e foram banidos de quaisquer lugares na função pública, de exercer profissões ou de tomar parte na actividade económica. Foram acrescidamente sujeitos a uma nova e violenta onda de propaganda difamatória. Poucos não-judeus alemães objectaram estas medidas. As Igrejas Cristãs, elas próprias impregnadas de séculos de Anti-semitismo, permaneceram silenciosas. Estas restrições foram mais tarde apertadas mais estrictamente, particularmente após a operação anti-semita de 1938 conhecida como Kristallnacht (Noite dos Cristais).



 

A segregação: Crachá imposto pelos Nazistas para identificação dos Judeus

A partir de 1941, os Judeus foram obrigados a usar a estrela amarela em público, para serem facilmente reconhecidos e considerados "inferiores". Entre Novembro de 1938 e Setembro de 1939, mais de 180.000 judeus fugiram da Alemanha; os Nazis confiscaram toda a propriedade que ficara para trás.

Economia

Nesta altura, sob o controle ditatorial, Hitler deu início a grandes mudanças econômicas. Há uma certa controvérsia sobre os aspectos econômicos do governo de Hitler, pois nem todas as suas medidas foram saudáveis a médio e longo prazo. As políticas econômicas do governo de Bruning, cautelosas e fiscalistas, vinham sanando as finanças e organizando o Estado alemão nesse aspecto. Hitler, ao contrário, pôs em prática um largo programa de intervencionismo econômico, baseado no keynesianismo, embora se distanciasse deste em muitos pontos.

O desemprego na Alemanha de 1933 era de aproximadamente 6 milhões. Esse número diminuiu para 300.000 em 1939. Essa diminuição fabulosa, no entanto, ocorreu por diversos motivos, como alterações estatísticas e projetos governamentais:

  • As mulheres deixaram de ser contadas como desempregadas a partir de 1933

  • Judeus, a partir de 1935, perderam a condição de cidadãos do Reich, não contando mais como desempregados
  • Mulheres jovens que se casavam eram excluídas dos cálculos.
  • Ao desempregado eram dadas duas opções: ou trabalhar para o governo sob baixíssimos salários ou permanecer segregado da esfera governamental, longe de todas as suas obrigações, mas também vantagens, como saúde, lazer, etc.
  • As convocações para o exército começaram a se acelerar. Até 1939, 1,4 milhões de alemães haviam sido convocados. Para armar esse contigente, a produção industrial aumentou e a procura por mão-de-obra aumentou também.
  • Criação da Frente Alemã de Trabalho, dirigida por Robert Ley, que pôs em prática programas governamentais de trabalho que absorveram boa parte da mão-de-obra disponível, ora empregando-a no melhoramento da infra-estrutura do país, ora nas indústrias e na produção bélica.

Essas medidas ocorreram à custa de pesadíssimos investimentos por parte do Estado, comprometendo a longo prazo as finanças. O que se viu, em conseqüência disso, foi um déficit crescente. De 1928 até 1939, a arrecadação do Estado havia subido de 10 bilhões de Reichsmarks para 15 bilhões, no entando os gastos, no mesmo período, subiram de 12 bilhões de Reichsmarks para 30 bilhões. Em 1939, o déficit acumulado era de 40 bilhões de Reichsmarks.

A inflação, nesse período, cresceu tanto que em 1936 foi decretado o congelamento de preços. O governo alemão foi incapaz de lidar com o controle de preços e sua interferência constante apenas engessou a economia e dificultou o aumento gradual e equilibrado da produção. A partir de 1936, o dirigismo econômico passou, gradualmente, a substituir a adaptação automática da produção pelo mercado, de maneira que a regulamentação econômica passou a ser maior.

Deve-se entender, é claro, que para Hitler, que era completamente ignorante em Teoria Econômica, assunto este que o entediava profundamente, política fiscal e monetária só faziam sentido em função das necessidades de rearmamento da Alemanha e como parte de um projeto político que, a médio prazo, previa nada menos do que a hegemonia alemã na Europa continental e a colonização da Rússia, através de mecanismos de espoliação que garantiriam à Alemanha o acesso a matérias-primas a preço vil e mão-de-obra escrava.

Política

Em Março de 1935 Hitler repudiou abertamente o Tratado de Versalhes ao reintroduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. O seu objectivo seria construir uma enorme maquinaria militar, incluindo uma nova marinha e força aérea (a Luftwaffe). Esta última seria colocada sob o comando de Göring, um comandante veterano da Primeira Guerra Mundial. O alistamento em grandes números pareceu resolver o problema do desemprego mas também distorceu a economia.

É por esta altura, em 1936 que, nas Olímpiadas de Berlim, um afro-americano (Jesse Owens) venceu em várias modalidades, o que contradizia na prática a propaganda à raça Ariana preconizada por Hitler para estes jogos. (Ver também História política dos Jogos Olímpicos de 1936).

Em Março de 1936 ele volta a violar o Tratado de Versalhes ao reocupar a zona desmilitarizada na Renânia (zona do Rio Reno). Ingleses e Franceses não fizeram nada, o que o encorajou. Em Julho de 1936, a Guerra Civil Espanhola começou, com a rebelião dos militares, liderados pelo General Francisco Franco, contra o governo democraticamente eleito da Frente Popular. Uma rebelião que contou com o apoio do Vaticano. Hitler enviou tropas em apoio de Franco. A Espanha tornou-se também num campo de teste para as novas tecnologias e métodos militares desenvolvidos na Alemanha. Em Abril de 1937, os aviões alemães da Legião Condor bombardeiam e destroem pela primeira vez na história uma cidade a partir do ar. Foi a cidade de Guernica, na província espanhola do País Basco. Em 1936, realizaram-se os Jogos Olímpicos em Berlim.

A 25 de Outubro de 1936, Hitler assinou uma aliança com o ditador italiano fascista
Benito Mussolini, o eixo Roma-Berlim. Esta aliança seria mais tarde expandida para incluir também o Japão, Hungria, Roménia e Bulgária, bloco que se tornou conhecido como as potências do eixo.

A 5 de Novembro de 1937, na Chancelaria do Reich, Adolf Hitler presidiu a um encontro secreto onde discutiu os seus planos para adquirir o "espaço vital" ao povo alemão.

A 12 de Março de 1938, Hitler pressionou a sua Áustria nativa à unificação com a Alemanha (o chamado "Anschluss"). Suas tropas entraram na Áustria e Hitler fez um discurso triunfal em Viena na "Heldenplatz" (Praça dos Heróis) onde foi saudado efusivamente por uma multidão de Austríacos simpatizantes, muitos deles fazendo a saudação romana adotada pelos nazistas.

O próximo passo seria a intensificação da crise com a zona dos Sudetas, de língua alemã, situada na Checoslováquia. Isto levou ao acordo de Munique de Setembro de 1938 onde a Inglaterra (Chamberlain assinou o pacto, propondo ainda uma política de contenção) e a França de forma fraca deram vazão às exigências de Hitler, procurando evitar a Guerra com Hitler, mas entregando-lhe a Checoslováquia.

No seguimento do acordo de Munique, Hitler foi designado como Homem do Ano de 1938. Foi também alegado que a autora de origem judaica Gertrude Stein defendeu nesse ano a entrega do Prémio Nobel da Paz a Hitler. A 10 de Março de 1939, Hitler ordenou a entrada do exército alemão em Praga.

Nesta altura, os ingleses e franceses perceberam finalmente que deveriam resistir. Resistiram às próximas exigências de Hitler, que diziam agora respeito à Polónia. Hitler pretendia o regresso dos territórios cedidos à Polónia pelo Tratado de Versalhes.

As potências ocidentais não aceitaram as exigências de Hitler mas não conseguiram chegar a um acordo com a União Soviética para uma aliança contra a Alemanha e Hitler manobrou para uma posição de força. A 23 de Agosto de 1939, Hitler concluiu uma aliança (o pacto Molotov-Ribbentrop) com Stalin. A primeiro de Setembro de 1939, a Alemanha invade a Polónia. A Inglaterra e a França reagem desta vez, declarando a Guerra à Alemanha. A Segunda Guerra Mundial estava começando.

Segunda Guerra Mundial

Vitórias iniciais

Nos três anos seguintes, Hitler conheceria uma série quase inabalada de sucessos militares. A Polónia foi rapidamente derrotada e dividida com os soviéticos. Em Abril de 1940, a Alemanha invadiu a Dinamarca e a Noruega. Em maio, a Alemanha iniciou uma ofensiva relâmpago, conhecida por "Blitzkrieg", que rapidamente ocupou a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, (esta última capitulou em seis semanas). Nesta altura, Aristides Sousa Mendes era o cônsul de Portugal em Bordéus e salvou a vida a dezenas de milhares de refugiados, muitos dos quais judeus e que assim se salvaram do Holocausto. Contra as instruções expressas de Salazar, Aristides concedeu vistos de entrada para Portugal aos refugiados que o procuravam.

Em Abril de 1941, a Iugoslávia e a Grécia foram invadidas por exércitos alemães. Forças ítalo-alemãs avançavam também pelo norte de África em direcção ao Egipto.

Estas invasões foram acompanhadas do bombardeamento de cidades indefesas tais como Varsóvia, Roterdão e Belgrado.

A única derrota de Hitler nesta fase foi o fracasso do seu plano de bombardear e posteriormente invadir a Inglaterra. A Força Aérea Inglesa (RAF) acabaria por vencer no ar a Batalha da Inglaterra. A incapacidade de adquirir superioridade nos céus britânicos significou que a "Operação Leão Marinho", o plano de invadir a Grã-Bretanha, foi cancelada.

A 22 de Junho de 1941 foi desencadeada a Operação Barbarossa. As forças de Hitler invadiram a União Soviética, rapidamente se apoderando da terça-parte da Rússia Européia, cercando Leningrado e ameaçando Moscovo. No inverno, os exércitos alemães foram detidos às portas de Moscovo com o rompimento da frente pelos russos, mas no verão seguinte, a ofensiva continuou. Em Julho de 1942, os exércitos de Hitler chegavam ao Volga. Aqui, eles foram derrotados em 2 de fevereiro de 1943 na Batalha de Stalinegrado, a primeira grande derrota alemã na Guerra e que se tornaria o marco decisivo do início da derrota do III Reich.

No norte de África, os ingleses derrotaram os alemães na batalha de El Alamein, destroçando o plano de Hitler de se apoderar do Canal do Suez e do Médio Oriente.

A derrota



 

Recorte de jornal, com a notícia da morte de Hitler.

A partir de 1943, no entanto, a queda alemã tornou-se inexorável e o atentado de Julho de 1944 contra Hitler revelou a força da oposição interna. Após uma última derrota (ofensiva das Ardenas, em Dezembro de 1944), Hitler refugiou-se em um bunker (esconderijo) na cidade de Berlim, onde mais tarde cometeria suicídio em 30 de abril de 1945.

Uma maioria esmagadora dos relatos históricos sustenta a tese do suicídio de Hitler. No entanto, existem rumores na América Latina segundo os quais Hitler teria fugido para um país da América do Sul onde teria morrido com uma doença incurável, tendo sido um sósia a morrer no bunker em Berlim. O mesmo teria acontecido com Eva Braun, sua noiva, com quem teria se casado pouco antes do suicídio, segundo alguns historiadores, Braun teria se casado com ele somente depois de jurar "fidelidade" e prometer que se mataria junto com ele. Seus corpos não foram encontrados, ele teria mandado sua guarda cremá-los, talvez para que não houvesse nenhum modo de o inimigo torturá-lo, nem após sua morte.

Uma segunda corrente de historiadores, no entanto, acredita que o fim da vida de Adolf Hitler teria ocorrido com a destruição de seu bunker em Berlim, por um grande ataque aéreo dos aliados já no fim da grande guerra. Acreditam ainda que, após este ataque a seu bunker, os corpos de Eva Braun e do seu braço direito, Heinrich Himmler, também foram encontrados, mas em melhores condições que o do próprio Hitler: tinham em seu corpo queimaduras e marcas das ferragens, já o de Adolf estava carbonizado, sendo reconhecido apenas pela sua vestimenta e seu bigode. O reconhecimento do corpo de Hitler foi feito por seus próprios comandantes e soldados capturados. Pelo fato dos corpos terem sido encontrados carbonizados, os aliados teriam vinculado a notícia de que seus corpos não foram encontrados, mas se sabe, através de relatos, que não fora a ordem de Hitler para cremar seus corpos o real motivo para os mesmos terem sido localizados desta forma, mas sim o da explosão de uma bomba que teria destruído o bunker onde ele e seus fiéis colaboradores se encontravam. As autópsias feitas nos corpos encontrados no bunker em Berlim revelaram que em um dos corpos havia uma bala de pistola Luger. Boatos dizem que era a arma com a qual Hitler havia se matado antes da bomba cair em seu bunker, ou ainda que um dos seus colaboradores havia disparado contra Hitler para que o mesmo não fosse capturado vivo pelos aliados.

Citações

  • A 3 de Janeiro de 1942, Hitler disse: "Himmler é de uma qualidade extraordinária. Não acredito que outra pessoa que não ele tivesse conseguido movimentar as tropas em semelhantes condições adversas. Eu vejo em Himmler o nosso Inácio de Loyola. Com inteligência e obstinação, contra vento e marés, ele deu forma às SS"
  • Adolf Hitler escreveu em "Mein Kampf", referindo-se à sua experiência em Viena: "de um fraco cosmopolita transformei-me (em Viena) num grande anti-semita".

Bibliografia

A melhor biografia de Hitler é possivelmente o trabalho de sir
Ian Kershaw em dois volumes Hitler, 1889-1936 Hubris e Hitler, 1936-1945 Nemesis, publicado em 1998.

  • A Cruz de Hitler - Erwin W. Lutzer
  • FEST, Joachim. Hitler: v.1. 2a. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2006. ISBN: 8520917402
  • FEST, Joachim. Hitler: v.2. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2006. ISBN : 8520919065
  • KERSHAW, Ian. Hitler, um perfil do poder. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1993. ISBN: 8571102643
  • LUKACS, John. O Hitler da história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
  • ROSENBAUM, Dan. Para entender Hitler. São Paulo: Record, 2002.
  • STACKELBERG, Roderic. A Alemanha de Hitler: origens, interpretações, legados. São Paulo: Imago, 2002

Wikipedia, Enciclopédia aberta, com contribuições minhas na matéria.

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